A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou, em 4 de novembro de 2025, uma reorganização sem precedentes no calendário do Campeonato Brasileiro Série A para acomodar os compromissos de três dos maiores clubes do país: Sociedade Esportiva Palmeiras, Clube de Regatas do Flamengo e Clube Atlético Mineiro. Todos estão na final de competições continentais — e isso forçou uma reestruturação total das rodadas finais do Brasileirão. A decisão, tomada após reuniões com os clubes e análise logística, foi justificada como necessária para "assegurar a isonomia" e garantir que os times tenham tempo de descanso, deslocamento e preparação para as decisões da Copa Libertadores da América e da Copa Sul-Americana. O impacto é enorme: partidas foram antecipadas, adiadas, e até trocadas de dia da semana. E o mais curioso? Isso acontece enquanto Palmeiras e Flamengo brigam pelo título brasileiro — com apenas um ponto de diferença.
Final da Libertadores antecipada para 25 de novembro
O maior choque veio na 36ª rodada. Originalmente, Palmeiras e Flamengo deveriam jogar contra Grêmio e Atlético-MG, respectivamente, em 30 de novembro. Mas como a final da Libertadores está marcada para 29 de novembro, no Estádio Nacional de Lima, no Peru, a CBF decidiu: os jogos da rodada precisam acontecer antes. A solução? Antecipar os dois confrontos para 25 de novembro, uma terça-feira. Palmeiras enfrenta o Grêmio na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, às 21h30. Já Flamengo joga contra Atlético-MG na Arena MRV, em Belo Horizonte, no mesmo horário. Por que essa data? Porque, conforme confirmado pela ESPN Brasil, as delegações precisam chegar em Lima até às 23h59 de 26 de novembro. Sem essa antecipação, os times corriam risco de perder a final por questões logísticas — e não por falta de desempenho.Atlético-MG ganha um intervalo inesperado
O Atlético-MG, por sua vez, tem uma agenda ainda mais apertada. O time de Eduardo Coudet disputa a final da Copa Sul-Americana contra o Lanús, da Argentina, em Assunção, no Paraguai, no dia 22 de novembro. Para garantir que o time não encare três jogos em menos de uma semana, a CBF adiantou o confronto contra o Red Bull Bragantino da 37ª para a 34ª rodada — e jogou no dia 16 de novembro, uma data FIFA. Isso significa que, depois de enfrentar o Flamengo em 25 de novembro, o Galo terá apenas dois dias de descanso antes da final sul-americana. Um intervalo curto, mas viável — e bem menor do que se fosse jogar contra o Palmeiras em 19 de novembro, como originalmente planejado.As mudanças em cadeia: quem mais foi afetado?
A reorganização não parou por aí. O jogo entre Palmeiras e Atlético-MG, que era para ser o grande clássico da 34ª rodada em Belo Horizonte, foi adiado para 3 ou 4 de dezembro. Nesse mesmo dia, 19 de novembro, Palmeiras joga contra o Vitória, no Allianz Parque, e Flamengo enfrenta o Fluminense no Maracanã — dois jogos com alto apelo comercial e torcida. A troca foi inteligente: evita que os dois grandes rivais do Brasileirão se enfrentem antes da final continental, mantendo o suspense. Além disso, a CBF manteve os demais jogos da 36ª rodada entre 26 e 30 de novembro, com partidas como Fluminense x São Paulo no Maracanã e Ceará x Cruzeiro em Fortaleza. O calendário virou um quebra-cabeça, mas funcionou.
Por que isso nunca aconteceu antes?
Nunca na história recente do futebol brasileiro três clubes chegaram às finais das principais competições da Conmebol na mesma temporada. Em 2025, isso se tornou realidade — e a CBF foi forçada a agir. A situação é ainda mais rara porque Palmeiras e Flamengo lideram o Brasileirão com 62 e 61 pontos, respectivamente. Eles não são apenas finalistas continentais: são candidatos diretos ao título nacional. Isso eleva o nível de tensão. Se um time perder pontos nesses jogos antecipados, pode perder o título. Se o outro vencer e o rival não, o equilíbrio pode se quebrar. A CBF, sob a presidência de Ednaldo Rodrigues, sabe disso. Por isso, insistiu que as mudanças foram feitas "com transparência e equilíbrio" — mesmo que alguns técnicos e torcedores reclamem da falta de previsibilidade.As consequências: quem ganha e quem perde?
Do ponto de vista técnico, os três clubes saem ganhando. Palmeiras, comandado por Abel Ferreira, ganha mais tempo para recuperar jogadores lesionados antes da final. Flamengo, com Jorge Jesus, evita o risco de enfrentar a final com jogadores cansados de uma rodada pesada. E o Atlético-MG, que já havia sido beneficiado com o adiamento do jogo contra o Palmeiras, agora tem um intervalo entre o Flamengo e a final da Sul-Americana. Mas os pequenos clubes? Eles pagam a conta. Times como Vitória, Mirassol e Ceará tiveram seus jogos movidos de fim de semana para terça-feira, o que reduz a audiência e o faturamento com bilheteria. Torcedores que compraram ingressos para jogos em 30 de novembro tiveram que se adaptar. A CBF prometeu reembolsos e trocas, mas o estrago na rotina dos clubes menores já foi feito.
O que vem a seguir?
Agora, o foco está em Lima. Se Palmeiras vencer a Libertadores, será o primeiro clube brasileiro a conquistar a taça em 2025 — e o primeiro a vencer a competição em dois anos consecutivos. Se for o Flamengo, será o sexto título da história, e o primeiro desde 2019. Já o Atlético-MG, se vencer a Sul-Americana, será o primeiro clube brasileiro a conquistar a taça em três anos. E depois disso? A CBF terá que decidir: quando será jogado o clássico Palmeiras x Atlético-MG? A data ainda não foi definida. Pode ser 3 ou 4 de dezembro. E se for no dia 4? O time que vencer a Libertadores pode não ter tempo para descansar antes da última rodada. Aí, a bola volta para o campo — e o calendário, de novo, vira um pesadelo.Frequently Asked Questions
Por que a CBF não deixou os jogos para depois da final da Libertadores?
Porque os times precisam viajar para Lima com antecedência, e a logística de transporte, segurança e impostos de entrada no Peru exige que as delegações cheguem até 26 de novembro. Se os jogos do Brasileirão fossem mantidos para 30 de novembro, os clubes não teriam tempo para se deslocar, se recuperar e se preparar — correndo risco de perder a final por questões administrativas, não esportivas.
Quem ganha mais com essas mudanças: Palmeiras ou Flamengo?
Nenhum dos dois tem vantagem clara. Ambos jogam na terça-feira, 25 de novembro, e têm o mesmo tempo de descanso até a final. O que muda é o contexto: Palmeiras joga fora de casa contra o Grêmio, enquanto Flamengo joga em casa contra o Atlético-MG. Mas o fator psicológico e a pressão são iguais. O verdadeiro ganhador é o calendário da CBF — que conseguiu evitar um caos.
O Atlético-MG está em desvantagem por jogar contra o Flamengo antes da final da Sul-Americana?
Sim, mas não por falta de planejamento. O Atlético-MG joga contra o Flamengo em 25 de novembro e enfrenta o Lanús em 22 de novembro — ou seja, tem apenas dois dias de descanso. Isso é insuficiente para recuperação física. A CBF tentou minimizar com a antecipação do jogo contra o Bragantino, mas o intervalo ainda é apertado. A equipe terá que gerenciar minutos e substituições com extrema cautela.
As mudanças afetam a disputa pelo título brasileiro?
Sim, e muito. Com Palmeiras e Flamengo jogando na terça-feira, 25 de novembro, e o clássico entre eles adiado, o time que vencer esse confronto pode assumir a liderança com 64 pontos — enquanto o outro fica com 61. Se o terceiro colocado (Grêmio ou Fluminense) vencer seus jogos, a diferença pode se reduzir. A tabela ficou instável — e a última rodada pode decidir tudo, mesmo que não seja a última partida de Palmeiras e Flamengo.
Por que o jogo Palmeiras x Atlético-MG foi adiado para 3 ou 4 de dezembro?
Para evitar que os dois times, já exaustos após as finais continentais, encarem um clássico com pouco descanso. Se o Palmeiras vencer a Libertadores, ele chegará a Belo Horizonte no dia 30 ou 31 de novembro. Jogar no dia 1º de dezembro seria um risco físico e jurídico. A CBF preferiu dar um intervalo de três dias, mesmo que isso atrase o encerramento do campeonato.
Essa mudança é um precedente para futuros campeonatos?
Provavelmente sim. A CBF já admitiu que a situação de 2025 foi "única e histórica", mas também disse que o modelo de reorganização será estudado para 2026. Se mais clubes brasileiros chegarem às finais da Libertadores e Sul-Americana, o calendário pode passar a ser flexível todos os anos — o que pode ser bom para os grandes times, mas ruim para os pequenos. A bola está no campo da CBF.