INMET alerta para chuvas intensas e tempestades em 14 estados nesta quarta-feira, 5 de novembro

Juliana Pires 4

O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu alertas amarelos de perigo potencial para chuvas intensas e tempestades em 14 estados brasileiros nesta quarta-feira, 5 de novembro de 2025. O fenômeno, que já causou alagamentos e quedas de árvores em áreas do Sul e Sudeste, afeta regiões que vão do Amazonas até o Espírito Santo. O alerta — o segundo mais grave da escala do INMET — sinaliza risco de até 50 mm de chuva em 24 horas, ventos de até 60 km/h, granizo e descargas elétricas. E não é só um dia ruim: a instabilidade promete se estender até o fim da semana, com temperaturas mais baixas no Sudeste a partir do domingo, 9 de novembro.

Quais estados estão em alerta e por quanto tempo?

A lista de estados sob aviso amarelo é extensa: Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Pará, Rondônia, Amazonas e Roraima. Mas os prazos variam. No Distrito Federal, o alerta já encerrou em 3 de novembro, após 24 horas de chuva constante. Já em São Paulo e nos demais estados do Sudeste e Centro-Oeste, o aviso começou em 4 de novembro e segue até 5 de novembro — com possibilidade de prorrogação. O Espírito Santo, por sua vez, está em alerta amarelo e laranja simultaneamente, segundo a Climatempo, o que significa que a intensidade das chuvas pode superar os 50 mm por dia em alguns momentos.

Por que isso está acontecendo agora?

Aqui está o que os meteorologistas estão observando: o fenômeno La Niña, que se manifesta no oceano Pacífico Equatorial, está ativo e influenciando o clima brasileiro desde o início do ano. Ele intensifica a passagem de frentes frias pelo Sul e Sudeste, mas também fortalece os chamados “corredores de umidade” — faixas de ar carregado de vapor d’água que vêm da Amazônia e se deslocam em direção ao Centro-Oeste e ao Sudeste. O que é pior? Esses corredores podem se transformar na Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), um sistema climático que, quando ativo, gera chuvas contínuas por dias seguidos. E isso é exatamente o que os modelos preveem para a próxima semana. A ZCAS já começou a se formar, e a tendência é que ela se fortaleça até o fim de novembro, especialmente no norte de Minas Gerais, no oeste da Bahia e no sul do Pará.

Quais cidades estão mais vulneráveis?

No Amazonas, 16 municípios estão sob risco direto, segundo o INMET: Amaturá, Benjamin Constant, Carauari, Fonte Boa, Ipixuna, Jutaí, São Paulo de Olivença, Envira, Santo Antônio do Içá, Guajará, Juruá, Tonantins, Atalaia do Norte, Eirunepé, Itamarati e Tabatinga. Muitas dessas cidades têm infraestrutura precária, com encostas instáveis e escoamento de água deficiente. Em São Paulo, a capital enfrenta risco crescente de alagamentos em regiões como o Grajaú, o Butantã e a zona leste — onde o solo já está saturado desde o início da semana.

Recomendações de segurança: o que fazer e o que evitar

Recomendações de segurança: o que fazer e o que evitar

Em caso de emergência, o INMET recomenda ligar para a Defesa Civil (199) ou o Corpo de Bombeiros (193). Mas o mais importante é prevenir. Aqui vão as regras de ouro:

  • Não se abrigue debaixo de árvores — elas atraem raios e podem cair com ventos fortes.
  • Evite estacionar veículos perto de torres de energia ou placas de propaganda.
  • Desconecte aparelhos eletrônicos da tomada durante tempestades. Um pico de energia pode destruir TVs, geladeiras e roteadores.
  • Não transite por ruas alagadas. Um metro de água já é suficiente para arrastar um carro.
  • Fique longe de encostas e córregos. Deslizamentos podem ocorrer sem aviso.

Na região metropolitana de São Paulo, a CEMIG (116) está em alerta para possíveis quedas de energia. Já em Belém, Manaus e Porto Velho, as distribuidoras locais estão reforçando equipes de manutenção. A situação é crítica, mas não inesperada — a mesma combinação de La Niña e ZCAS ocorreu em 2021, quando mais de 120 mil pessoas ficaram sem energia por dias.

Como o clima afetará a vida nas próximas semanas?

As temperaturas no Sudeste devem cair 3°C a 5°C abaixo da média histórica para novembro, especialmente no domingo, 9 de novembro, quando o ar polar chega com força. Em São Paulo, a máxima pode não passar dos 20°C — algo raro para esta época do ano. A umidade alta e o frio combinados aumentam o risco de gripes e resfriados, segundo o Instituto Butantan. Além disso, o excesso de chuva já afeta o transporte: rodovias como a SP-280 e a BR-116 registram trechos interditados por alagamentos. O setor agrícola também sofre: soja e milho no Mato Grosso e no Paraná estão em fase de colheita, e a umidade pode comprometer a qualidade dos grãos.

O que vem a seguir?

O que vem a seguir?

Os modelos climáticos apontam para mais 72 horas de chuva intensa em grande parte do Centro-Oeste e Sudeste. O INMET deve atualizar os alertas até quinta-feira, 6 de novembro. Se a ZCAS se consolidar, pode haver novos alertas laranja — e até vermelho — em áreas como o norte de Minas e o sul da Bahia. O governo federal, por sua vez, está monitorando a situação com a Defesa Civil e o Ministério da Integração. Ainda não há previsão de decretos de emergência, mas os estados mais afetados já começam a liberar recursos para reparos emergenciais.

Frequently Asked Questions

Como o La Niña está influenciando as chuvas no Brasil?

O La Niña resfria as águas do Pacífico Equatorial, alterando os padrões de vento e umidade no Atlântico. Isso favorece a formação de frentes frias mais intensas no Sul e Sudeste, além de impulsionar corredores de umidade da Amazônia para o Centro-Oeste. Resultado: chuvas mais fortes e prolongadas, especialmente entre outono e inverno. Em 2021, o mesmo padrão causou enchentes em 18 estados.

Por que o Espírito Santo tem alerta laranja e amarelo ao mesmo tempo?

O alerta laranja indica perigo real, enquanto o amarelo é potencial. Isso significa que, em algumas regiões do Espírito Santo, como a Serra e a Região Metropolitana, já ocorrem chuvas acima de 50 mm em 24 horas, com risco de deslizamentos. Em outras áreas, o risco ainda é de evolução. A Climatempo confirmou que a instabilidade é mais intensa no sul do estado, onde o solo já está saturado desde a semana passada.

Quais são os riscos mais imediatos para moradores de áreas urbanas?

Os principais riscos são alagamentos em vias com escoamento inadequado, queda de árvores e postes, e curtos-circuitos em redes elétricas. Em cidades como São Paulo e Belo Horizonte, áreas com ocupação irregular em encostas — como no Rio de Janeiro — correm alto risco de deslizamentos. O INMET já registrou 17 quedas de árvores em SP nas últimas 48 horas, e 3 casos de alagamentos em túneis.

O que fazer se minha casa estiver alagada?

Desligue a energia elétrica na caixa principal antes de entrar em contato com a água. Não use aparelhos elétricos molhados — mesmo desligados, podem causar choque. Retire objetos valiosos para locais altos e registre os danos com fotos. Entre em contato com a Defesa Civil (199) e com sua seguradora, se tiver cobertura para desastres naturais. Muitas cidades oferecem auxílio emergencial para famílias afetadas.

Há risco de racionamento de energia?

Atualmente, não há previsão de racionamento. Mas o aumento de quedas de energia em áreas urbanas pode causar interrupções locais. A CEMIG e outras distribuidoras estão priorizando o restabelecimento em hospitais e centros de saúde. A energia é mais vulnerável em regiões com fiação antiga ou árvores próximas aos fios. É essencial manter os relatórios de falhas atualizados.

Essa situação vai piorar nos próximos meses?

Sim. O La Niña ainda está ativo e deve persistir até fevereiro de 2026. Isso significa que os próximos meses — especialmente dezembro e janeiro — terão chuvas acima da média em grande parte do país. A temporada de chuvas pode começar mais cedo e durar mais. É o que os climatologistas chamam de “novembro de 2025 sendo o prelúdio de um verão chuvoso”.

  • Lucas Pirola

    Lucas Pirola

    nov 6 2025

    Essa chuva tá uma loucura, né? Já vi árvore caindo em cima de carro na Zona Sul... e o pior é que o escoamento é uma piada. O que a prefeitura tá fazendo? Nada. De novo.

    Se tivesse investido em drenagem em vez de faroladas, a gente não tava nesse caos.

  • Jailma Andrade

    Jailma Andrade

    nov 6 2025

    As pessoas que vivem nas favelas das encostas não têm escolha. É ou fica em casa e se molha, ou corre risco de deslizamento. Ninguém fala disso. O alerta é técnico, mas a realidade é humana. Precisamos de políticas públicas reais, não só notificações do INMET.

  • Leandro Fialho

    Leandro Fialho

    nov 6 2025

    Galera, calma aí! A gente já passou por isso em 2021 e sobreviveu. O importante é se preparar: bateria carregada, água, comida, e NÃO sair de casa sem necessidade. A natureza tá mandando um recado, mas não é o fim do mundo. Vamos nos organizar, não entrar em pânico!

    E sim, desliga o roteador. Eu perdi três aparelhos assim. Aprender com o erro é inteligência.

  • Eduardo Mallmann

    Eduardo Mallmann

    nov 8 2025

    A ZCAS é um sistema sinuoso de interação entre a umidade amazônica e os gradientes térmicos do Atlântico Sul. A influência do La Niña atua como um modulador de pressão de escala mesosscópica, intensificando a convecção profunda sobre o Centro-Oeste. A resposta não é infraestrutura - é modelagem climática preditiva. O Brasil ainda vive no século XX.