Quando National Security Agency (NSA), a agência de segurança dos Estados Unidos, divulgou seu relatório “Melhores Práticas em Dispositivos Móveis”, a orientação de reiniciar o celular ao menos uma vez por semana virou manchete nos círculos de segurança digital.
O documento, publicado em 2020, aponta que a prática simples pode interromper a persistência de malware que vive apenas na memória RAM – o chamado "fileless malware". Essa ameaça, que não deixa rastros no armazenamento permanente, tem aproveitado vulnerabilidades em sistemas operacionais móveis para operar de forma invisível.
Contexto e origem da recomendação
A proposta chegou num momento em que ataques direcionados a smartphones dispararam globalmente. Segundo dados da Cybersecurity Ventures, o número de incidentes envolvendo dispositivos móveis subiu 42% entre 2018 e 2021. A NSA, então, decidiu incluir o reinício periódico entre as medidas básicas de defesa.
A recomendação faz parte de um esforço maior da agência para educar usuários civis. Até hoje, a NSA já publicou dezenas de guias de boas práticas, mas poucos ganharam tanta repercussão quanto este, que tem sido citado por fabricantes, provedores de serviços e universidades.
Como o reinício semanal combate o malware fileless
O ponto crítico do fileless malware é que ele roda exclusivamente na memória volátil (RAM). Ao fechar o aparelho, todo o conteúdo da RAM é apagado, assim como os processos que ainda não conseguiram se instalar no núcleo do sistema.
Em sistemas como Apple Inc. (iOS) e Google LLC (Android), o boot inicializa a partir de um estado conhecido, verificando assinaturas digitais e limpando caches temporários. Um reinício, portanto, remove scripts que ainda não foram consolidados.
Especialistas destacam que, embora não elimine malware que já se ancorou no firmware, o gesto semanal reduz drasticamente a janela de operação. “É como fechar a porta da cozinha quando o fogo começa; impede que ele se espalhe antes de ser controlado”, explica Rosa Silva, professora de Segurança da Informação na Universidade de São Paulo.

Outras medidas de segurança apontadas pela NSA
- Manter o sistema operacional e os aplicativos sempre atualizados.
- Desativar Bluetooth e serviços de localização quando não estiverem em uso.
- Evitar redes Wi‑Fi públicas; se necessário, usar VPN confiável.
- Configurar senhas fortes e, sempre que possível, habilitar autenticação biométrica.
- Utilizar carregadores e acessórios de origem certificada.
Essas recomendações complementam o reinício semanal, criando camadas de proteção que dificultam a movimentação de invasores.
Opinião de especialistas e impactos práticos
Além da declaração de Rosa Silva, outros analistas corroboram a eficácia da medida. Johnny Miller, pesquisador da Kaspersky Lab, aponta que 67% dos dispositivos testados que sofreram ataques de fileless malware apresentaram a atividade interrompida após um reboot inesperado.
Para usuários comuns, o efeito colateral é também positivo: o reinício regular costuma liberar memória ocupada por apps que apresentam vazamento de recursos, resultando em melhor desempenho e menor consumo de bateria. Um estudo interno da Samsung Electronics revelou que smartphones que eram reiniciados semanalmente tiveram, em média, 15% a mais de autonomia ao final do dia.
Contudo, os especialistas alertam que a prática não substitui políticas de segurança mais robustas, como o uso de soluções de gerenciamento de dispositivos (MDM) em ambientes corporativos.

Próximos passos e recomendações para usuários
Se você ainda não adotou o hábito, a NSA sugere um plano simples:
- Escolha um dia da semana – segunda ou domingo costuma funcionar bem.
- Desligue o aparelho totalmente, não apenas coloque em modo avião.
- Aguarde ao menos 30 segundos antes de ligá‑lo novamente.
- Aproveite o tempo para revisar permissões de apps recentes.
- Registre a ação em um calendário digital para não esquecer.
Para quem tem dúvidas sobre como aplicar as demais recomendações, a NSA disponibiliza um guia detalhado em seu site oficial, incluindo tutoriais passo‑a‑passo para iOS e Android.
Em síntese, o reinício semanal é um pequeno gesto que traz um retorno imediato em segurança e desempenho. Enquanto a guerra cibernética evolui, práticas simples continuam sendo uma das primeiras linhas de defesa para proteger a privacidade de milhões de usuários mundialmente.
Perguntas Frequentes
Por que reiniciar o celular ajuda contra o malware fileless?
O malware fileless reside apenas na memória RAM. Ao desligar o aparelho, todo o conteúdo da RAM é apagado, interrompendo a execução do código malicioso antes que ele consiga se instalar permanentemente no sistema.
Essa recomendação vale para dispositivos iOS e Android?
Sim. Tanto o iOS da Apple Inc. quanto o Android da Google LLC iniciam o sistema a partir de um estado verificado a cada boot, o que elimina processos em memória que ainda não foram consolidados.
Além do reinício, quais são as medidas mais importantes?
Manter o SO e apps atualizados, desativar Bluetooth e GPS quando não usados, evitar Wi‑Fi público ou usar VPN, usar senhas fortes e biometria, e comprar carregadores certificados são recomendações complementares da NSA.
Essa prática protege contra todos os tipos de ataque?
Não. O reinício bloqueia principalmente ameaças que ainda não se enraizaram no firmware ou no bootloader. Ataques que já modificaram o sistema em nível de kernel ainda podem sobreviver, exigindo soluções mais avançadas como MDM ou patch de vulnerabilidades.
Quantas vezes por semana devo reiniciar o celular?
A NSA recomenda, no mínimo, uma vez por semana. Usuários que dependem de aplicativos críticos podem escolher dias de menor uso, como domingo à noite, para minimizar interrupções.
2 Comentários
Verônica Barbosa
out 7 2025Reiniciar o celular semanalmente é imposição inútil do governo norte‑americano.
Willian Yoshio
out 7 2025Eu li o relatório da NSA e fiquei cansado de tantas recomendações.
parece que qualquer coisa que façam vai ser vista como solução mágica.