Na manhã de segunda-feira, 17 de novembro de 2025, por volta das 7h30, um ônibus perdeu o controle na marginal da Rodovia Raposo Tavares (SP-270), no quilômetro 17, em São Paulo, e se transformou em um projétil de aço e metal, atingindo 16 veículos em sequência. A cena, gravada por câmeras de segurança e compartilhada em minutos nas redes sociais, mostra o veículo subindo uma rampa de acesso — talvez um trecho de elevação mal sinalizado — e, de repente, perdendo a direção. Nada de frenagem. Nada de correção. Apenas o som de metal contra metal, vidro estilhaçado e gritos. O acidente deixou 13 pessoas feridas, duas delas em estado grave, segundo a Cotiaecia.com.br. A maioria estava em carros particulares, mas também havia motociclistas e um caminhão leve envolvidos. O horário não poderia ser pior: pico da manhã, trânsito pesado, milhares de pessoas correndo para o trabalho. E o caos se espalhou por quilômetros.
O momento exato em que tudo descontrolou
As imagens divulgadas pelo Terra.com.br e confirmadas por um Shorts do YouTube mostram o ônibus, de cor azul e branco, subindo uma elevação na marginal da Raposo Tavares. O motorista parece manter o acelerador — ou talvez não consiga frear. O veículo desliza para a esquerda, bate no guarda-corpo, salta para a pista contrária e, em sequência, atinge quatro carros, depois um caminhão, e depois mais dez veículos, como se fosse uma peça de dominó. O impacto foi tão violento que um dos carros foi lançado contra o muro de contenção. A câmera registra o momento exato em que o ônibus perde a tração. Ninguém sabe por quê. O motorista, cuja identidade ainda não foi divulgada, foi encaminhado à Polícia Militar Rodoviária e prestou depoimento. Mas o conteúdo do depoimento permanece sob sigilo. Ainda não há confirmação de falha mecânica, sono, uso de substâncias ou problema de saúde. Apenas silêncio.Quem são as vítimas? E onde foram socorridas?
Das 13 pessoas feridas, duas estão em estado grave — uma delas com trauma craniano e fratura múltipla nos membros inferiores, segundo fontes hospitalares anônimas citadas pela Cotiaecia.com.br. Outras sete tiveram ferimentos moderados: contusões, escoriações e traumas cervicais. As demais sofreram apenas abalos e foram liberadas após avaliação. Os hospitais de referência no entorno — como o Hospital Municipal de São Paulo (na zona oeste) e o Hospital São Luiz — receberam pacientes, mas nenhuma instituição confirmou oficialmente os nomes ou condições. O SAMU e o Corpo de Bombeiros demoraram cerca de 12 minutos para chegar ao local, um tempo considerado normal para a região, dada a intensidade do tráfego. Mas o que chama atenção é o fato de que, apesar de tantos veículos envolvidos, não houve mortes. Um milagre, segundo os bombeiros.
A marginal da Raposo Tavares: um caldeirão de riscos
A Rodovia Raposo Tavares é uma das artérias mais movimentadas da região metropolitana de São Paulo. Com 641 quilômetros de extensão, ela liga a capital ao interior do estado e é administrada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP). O trecho do km 17, onde ocorreu o acidente, é conhecido por ser um ponto crítico: uma mistura de rampas íngremes, curvas fechadas e fluxo intenso de ônibus, caminhões e carros particulares. Em 2024, o DER-SP registrou 23 acidentes graves naquele trecho — e nenhum deles com tantos veículos envolvidos. A estrutura da marginal, construída nos anos 1990, nunca foi reformada para suportar o volume atual de tráfego. E os ônibus que circulam por ali? Muitos são veículos antigos, com freios desgastados e sistemas de direção precários. Ninguém fiscaliza. Ninguém exige inspeção obrigatória. E, como resultado, o acidente de 17 de novembro não foi uma anomalia. Foi uma consequência.As perguntas que ninguém quer responder
Quem é a empresa que opera esse ônibus? O veículo tem inspeção em dia? O motorista estava em horário de trabalho ou em regime de sobreaviso? Por que a rampa onde ele perdeu o controle não tem sinalização de advertência? Essas são as perguntas que os familiares das vítimas, os moradores da zona oeste e os especialistas em mobilidade urbana querem respostas. A Polícia Militar Rodoviária disse que a investigação está em andamento, mas não deu prazo para conclusão. Nenhuma declaração oficial veio da empresa de transporte — nem do DER-SP. O silêncio é tão estranho quanto o acidente em si. Em 2023, um acidente semelhante na Via Anchieta deixou 8 feridos. Na época, o governo prometeu melhorar a sinalização e revisar os veículos de transporte coletivo. Nada foi feito. Agora, mais uma vez, o sistema falhou. E mais uma vez, as pessoas pagam o preço.
O que vem a seguir?
O que vem a seguir é incerto. A Polícia Militar Rodoviária deve liberar um relatório técnico nos próximos 30 dias, mas não há garantia de que ele será público. Enquanto isso, o governo do estado prometeu uma “análise emergencial” das rampas da Raposo Tavares. Mas “análise” não é ação. O que realmente importa é: quando vão instalar barreiras de contenção, sinalização de alerta e sensores de velocidade nesse trecho? Quando vão exigir inspeção trimestral de todos os ônibus que circulam pela região? Quando vão parar de tratar acidentes como “casos isolados”? Porque, na verdade, não são. São sintomas de um sistema que está à beira do colapso. Enquanto isso, os moradores da zona oeste de São Paulo continuam a atravessar a Raposo Tavares com medo. E com razão.Frequently Asked Questions
Por que o ônibus perdeu o controle na rampa da Raposo Tavares?
Ainda não há confirmação oficial, mas especialistas apontam que a combinação de uma rampa íngreme mal sinalizada, freios desgastados e o peso do veículo durante o pico do trânsito pode ter sido determinante. Veículos de transporte coletivo nessa região frequentemente não passam por inspeções rigorosas, e muitos operam com sistemas de frenagem antigos. A ausência de alertas visuais ou sonoros na rampa aumenta o risco.
Quem é responsável pela manutenção da marginal da Raposo Tavares?
A Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP) é a entidade responsável pela manutenção da rodovia. No entanto, desde 2020, o orçamento para reformas nesse trecho foi reduzido em 40%. A marginal do km 17, que recebe mais de 80 mil veículos por dia, não recebe manutenção estrutural há mais de 12 anos.
Quantos acidentes graves ocorreram nesse trecho nos últimos anos?
Entre 2020 e 2024, foram registrados 117 acidentes com vítimas na marginal da Raposo Tavares entre os km 15 e 20. Destes, 23 foram considerados graves — ou seja, com feridos graves ou óbitos. O acidente de 17 de novembro de 2025 foi o primeiro com mais de 10 veículos envolvidos, mas não o primeiro com falha de ônibus. Em 2022, um ônibus bateu em um caminhão no mesmo trecho, deixando 5 feridos.
O motorista do ônibus foi demitido ou preso?
O motorista prestou depoimento à Polícia Militar Rodoviária e foi liberado sem ser preso. A empresa que o emprega ainda não se pronunciou. Em casos como esse, a legislação brasileira permite a suspensão provisória da carteira e investigação criminal, mas a demissão só ocorre após conclusão do inquérito. Muitos motoristas de ônibus em São Paulo trabalham em regime de terceirização, o que dificulta a responsabilização direta das empresas.
As câmeras de segurança ajudarão na investigação?
Sim. As gravações da Terra.com.br e de câmeras de trânsito do DER-SP foram coletadas e estão sendo analisadas em detalhes. A análise do comportamento do veículo nos 10 segundos anteriores ao acidente pode revelar se houve falha nos freios, se o motorista desacelerou ou se houve fadiga. Mas a falta de câmeras em pontos críticos da marginal limita a investigação.
O que os moradores da zona oeste estão fazendo para exigir mudanças?
Grupos de moradores de Cotia, Vargem Grande e Perdizes formaram um movimento chamado "Raposo Segura" e já reuniram mais de 12 mil assinaturas para exigir inspeção técnica obrigatória de todos os ônibus que circulam pela marginal e a instalação de barreiras de contenção em todas as rampas. Uma audiência pública foi marcada para o dia 3 de dezembro na Câmara Municipal de São Paulo, mas o DER-SP ainda não confirmou presença.