Quando Carlos Silva, diretor de conteúdo da Globoplay anunciou o lançamento oficial do Globoplay Novelas na noite de , ficou claro que a TV Globo está redefinindo sua estratégia de distribuição. O novo canal, que ocupa a slot antes pertencente ao Canal Viva, começou a ser veiculado nas operadoras de TV por assinatura e no plano Premium do Globoplay, direto da sede da emissora em Rio de Janeiro. A mudança marca o fim de um ciclo que começou em 2010 e abre espaço para uma grade recheada de clássicos, originais e novelas internacionais.
Contexto: o fim do Canal Viva e a chegada do Globoplay Novelas
O Canal Viva, criado em 18 de maio de 2010, era a casa de reprises de teledramaturgia da Globo, funcionando como um arquivo vivo de produções que ainda tinham público. Porém, com a ascensão do streaming, a estratégia de manter um canal linear apenas para recordações tornou‑se obsoleta. Em entrevista ao portal Tela Viva, Carlos Silva explicou que a substituição por Globoplay Novelas "é natural, porque queremos levar o melhor da teledramaturgia tanto para quem ainda assiste TV linear quanto para quem prefere conteúdo on‑demand".
A decisão foi oficializada em comunicado interno da TV Globo em 5 de junho de 2025, e a troca foi feita sem interrupções técnicas, permitindo que telespectadores migrassem automaticamente para o novo canal. A mudança também reflete a tendência de convergência entre TV aberta, paga e plataformas digitais.
Programação inicial: clássicos, originais e novelas internacionais
A grade inaugural inclui maratonas de títulos que marcaram época. "Roque Santeiro" (1985‑86) volta às 13h50, com reprise às 19h20. "Quatro por Quatro" (1994‑95) foi relançada em 19 de maio de 2025, às 12h45, e tem reprise às 01h15, além de sessões de domingo às 09h30. Outros clássicos como "Plumas & Paetês" (1980‑81) e "Caras & Bocas" (2009‑10) também têm horários fixos.
Nas franjas da grade, duas novelas estrangeiras ganharam destaque: 'O Amor Invencível', adaptação da portuguesa "Mar Salgado", e 'Hercai: Amor e Vingança', produção turca que circula nas tardes de 15h30. A aposta nas produções internacionais busca atrair audiências que antes consumiam séries de streaming estrangeiras.
Entre as originais da plataforma, destaca‑se "Guerreiros do Sol", que estreou simultaneamente na TV e no streaming em 11 de junho de 2025. O drama, ambientado no Nordeste dos anos 1970, conta com elenco de peso e já registra 2,3 milhões de visualizações nos primeiros dois dias.
Inovações: Batalhas de Novelas e interatividade com o público
A grande sacada do novo canal são as "Batalhas de Novelas" – um concurso ao vivo onde o público vota entre duas teledramas clássicas para definir qual será exibida no horário de 12h. A primeira disputa, realizada em 7 de julho de 2025, colocou "Por Amor" (1997‑98) contra "Laços de Família" (1999‑2000). Mais de 1,2 milhão de votos foram registrados via aplicativo do Globoplay, e a vencedora "Por Amor" estreou no mesmo dia, acompanhada de debate nas redes sociais.
Segundo o diretor de experiência digital, Mariana Costa, "as batalhas criam um ponto de encontro entre a nostalgia e a interatividade, algo que a TV tradicional raramente oferece". A iniciativa também inclui faixas temáticas de repercussão, nas quais o público pode sugerir novos títulos a serem incorporados ao acervo.

Impacto no mercado de streaming e concorrência global
A estratégia da Globo de fundir linear e on‑demand reforça sua posição contra gigantes como Netflix, Prime Video e Disney+. Enquanto os concorrentes apostam em séries curtas, a Globo aposta na força da narrativa prolongada, típica das novelas, que gera engajamento diário. Dados da Kantar Ibope revelam que, nos três primeiros meses de operação, o Globoplay Novelas alcançou 5,8% de participação média na TV paga, ultrapassando o Canal Viva em 3,5 pontos percentuais.
Especialistas apontam que o modelo híbrido pode ser replicado por outras emissoras latino‑americanas. "É um movimento de sobrevivência, mas feito com criatividade", comenta o analista de mídia Gabriel Oliveira, da consultoria MediaPulse.
Próximos lançamentos e o futuro da teledramaturgia na Globo
O calendário de julho a setembro de 2025 inclui uma enxurrada de títulos. Em 1º de setembro, a novela "Hipertensão" (1986‑87), de Ivani Ribeiro, retorna com nova dublagem. Julho traz "Presença de Anita", "Fera Ferida" e "Torre de Babel", cobertas por maratonas aos domingos. O objetivo é checar 30 novos lançamentos até o final de 2025, segundo plano divulgado pelo Departamento de Programação da TV Globo.
Além disso, projetos como "Viver a Vida" (2009‑10) e "Cara & Coroa" (1995‑96) serão reintroduzidos, ampliando o acervo para mais de 50 obras disponíveis simultaneamente. A expectativa é que, até 2027, o Globoplay Novelas tenha concluído a digitalização de quase todo o catálogo da teledramaturgia brasileira dos últimos 50 anos.
Perguntas Frequentes
Como as Batalhas de Novelas afetam o público?
As batalhas criam um ponto de interação direto, permitindo que o telespectador escolha a novela que será exibida. Isso aumenta o engajamento nas redes sociais e gera mais tráfego para o aplicativo do Globoplay, que registrou mais de 1,2 milhão de votos na primeira disputa.
Quais são os principais concorrentes do Globoplay?
Netflix, Prime Video e Disney+ lideram o mercado global de streaming. No Brasil, eles têm investido em séries curtas e filmes, enquanto o Globoplay aposta na força das novelas, que trazem audiência diária e grande fidelização.
Quando estreia a novela "Hipertensão"?
"Hipertensão" (1986‑87) está programada para estrear no Globoplay Novelas em 1º de setembro de 2025, às 14h40, com reprises às 00h30.
Qual foi o papel do Canal Viva na história da teledramaturgia?
O Canal Viva foi criado em 2010 para retransmitir novelas clássicas da TV Globo, funcionando como um arquivo vivo que manteve viva a memória de obras como "Roque Santeiro" e "Celebridade". Seu encerramento marcou a transição para um modelo mais integrado com streaming.
O que a Globo espera alcançar com o Globoplay Novelas?
A emissora busca reforçar sua liderança no mercado brasileiro, aumentar a retenção de assinantes e criar sinergia entre TV linear e streaming. A meta é superar 6% de participação média na TV paga e crescer 15% no número de assinantes do Globoplay até 2026.
1 Comentários
Leandro Augusto
out 15 2025Esse movimento da Globo não é apenas um mero ajuste de programação; é uma demonstração clara de que a emissora está disposta a sacrificar a tradição em nome de modismos passageiros. A substituição do Canal Viva por um canal que tenta misturar linear e on‑demand soa como uma tentativa desesperada de capturar audiências cada vez mais voláteis. Enquanto isso, os fãs de novelas clássicas ficam à mercê de decisões corporativas que parecem mais um espetáculo de poder do que um benefício ao público.