Quando Independiente del Valle entrou em campo para a primeira partida das semifinais da CONMEBOL Sul‑Americana 2023Sangolquí, a promessa era outra: provar que o modelo de negócios baseado em formação de talentos pode competir com gigantes financeiros. O clube equatoriano já movimentou mais de R$ 1,7 bilhão em transferências de apenas quatro jogadores formados em sua base – Moisés Caicedo, Willian Pacho, Piero Hincapié e Kendry Páez – e agora encara o Clube Atlético Mineiro, comandado por Eduardo Coudet, em duelo que será transmitido ao vivo pelo Disney+ no Brasil, às 21h30 (horário de Brasília) de 21 de novembro de 2023.
Uma estrutura de primeiro mundo no coração de Sangolquí
O que muitos ainda chamam de “miracle club” tem, antes de tudo, um centro de treinamento que parece saído de um catálogo da UEFA. O ex‑atacante brasileiro Felipe Adão passou pelo clube em 2013 e, em entrevista exclusiva à ESPN, descreveu o CT como “um espetáculo, de primeiro mundo”. Ele lembrou: “Quando cheguei, o clube estava em ascensão… Me surpreendi de uma forma gigante. Se não for o maior clube que participei com estrutura, foi um dos melhores.”
Adão ainda contou que a contratação foi facilitada por Michel Deller, empresário suíço‑belga que comprou o clube há cerca de dez anos e investiu pesado em infraestrutura, academia e equipe de análise de desempenho. Deller, que já tem negócios no futebol europeu, transformou o Independiente numa “terceira força” do Equador, atrás apenas de Barcelona e LDU.
Os quatro craques que geraram R$ 1,7 bi
O impacto financeiro do modelo de base ficou evidente com as transferências de Moisés Caicedo (para o Brighton & Hove Albion), Willian Pacho (para o Granada), Piero Hincapié (para o Bayer Leverkusen) e Kendry Páez (para o FC Porto). Somadas, as negociações ultrapassaram R$ 1,7 bilhão, um número que faria qualquer clube da América do Sul corar.
- Caicedo – € 30 milhões (cerca de R$ 180 milhões) em 2021.
- Pacho – € 12 milhões (aprox. R$ 72 milhões) em 2022.
- Hincapié – € 15 milhões (cerca de R$ 90 milhões) em 2022.
- Páez – € 10 milhões (cerca de R$ 60 milhões) em 2023.
Esses valores não são meras cifras; eles alimentam a renovação constante de instalações, equipam laboratórios de biomecânica e permitem que o clube ofereça salários competitivos a treinadores e psicólogos esportivos.
Comparação com a realidade dos clubes sul‑americanos
A maioria das equipes da América do Sul ainda depende quase que exclusivamente de direitos de transmissão e patrocínios para fechar o caixa. O Independiente, ao contrário, investe em talentos que podem ser vendidos por múltiplas casas de futebol europeu. Segundo especialista em gestão esportiva, Rafael Sanches, da Universidade de Lisboa, “o modelo do Independiente representa um ponto de inflexão: se mais clubes adotarem uma estratégia de ‘fábrica de jogadores’, a dependência de TV pode diminuir significativamente”.
É claro que não há fórmula mágica. O risco está na capacidade de identificar jovens promissores. O clube tem um sistema de scouting que cobre toda a América Latina, mas ele ainda é pequeno comparado a gigantes como o Barcelona ou o Ajax. Ainda assim, os números falam por si.

Reação do Atlético‑MG e expectativas para a partida
Para os torcedores do Galo, a presença de um adversário que combina “poder de fogo” europeu com “infraestrutura de elite” gera curiosidade e ansiedade. O técnico argentino Eduardo Coudet comentou que o time está estudando vídeos do CT do Independiente, buscando entender como a preparação física pode influenciar a performance nos 90 minutos. “Eles têm atletas jovens, ágeis, mas nossa experiência em competições continentais ainda pesa”, disse Coudet em coletiva na Arena Mineira em Belo Horizonte.
Os analistas de imprensa apontam que o duelo será uma prova de conceito: se o Independiente vencer, o modelo de negócio ganha ainda mais legitimidade; se o Atlético‑MG avançar, reforça a ideia de que experiência e investimento em elenco ainda são fundamentais.
Próximos passos e o futuro do modelo de base
Independente do resultado, o clube equatoriano tem planos ambiciosos. Deller já anunciou a construção de um novo campo sintético e a ampliação da academia de formação de treinadores. O objetivo, segundo ele, é “dobrar o número de atletas que chegam à Europa nos próximos cinco anos”.
Enquanto isso, a Conmebol anuncia que o vencedor das semifinais enfrentará o Boca Juniors na final, marcada para 7 de dezembro. A partida promete ainda mais brilho à história de um clube que, há menos de duas décadas, vivia nas sombras da primeira divisão equatoriana.

Fatos principais
- Independiente del Valle movimentou R$ 1,7 bi em transferências de quatro jogadores formados em sua base.
- O CT do clube é considerado de “primeiro mundo” por ex‑jogadores como Felipe Adão.
- Semifinais da Sul‑Americana serão jogadas em 21/11/2023, 21h30 (BRT), no Disney+.
- Atlético‑MG, comandado por Eduardo Coudet, busca avançar para a final contra Boca Juniors.
- Michel Deller, proprietário, planeja expandir ainda mais a infraestrutura de Sangolquí.
Perguntas Frequentes
Como as transferências de jogadores impactam financeiramente o Independiente del Valle?
Os valores obtidos nas vendas – mais de R$ 1,7 bilhão – financiam melhorias no centro de treinamento, salários da comissão técnica e recursos para scouting. Esse fluxo de caixa permite ao clube reinvestir continuamente em sua academia, criando um ciclo virtuoso de revelação e lucro.
Qual a importância da estrutura do CT para o desempenho em competições internacionais?
Um CT de alta qualidade oferece instalações de fisioterapia, análise de desempenho e recuperação que reduzem lesões e melhoram a preparação tática. Jogadores treinados em ambiente assim chegam ao campo mais condicionados, o que pode ser decisivo em jogos de alta pressão como as semifinais da Sul‑Americana.
O que o Atlético‑MG espera alcançar contra o Independiente del Valle?
Além de buscar a vaga na final, o Galo quer validar seu estilo de jogo sob a liderança de Eduardo Coudet contra um adversário que aposta na velocidade e na juventude. Uma vitória reforçaria a credibilidade da equipe brasileira na competição continental.
Quais são os desafios de replicar o modelo do Independiente em outros clubes sul‑americanos?
O principal obstáculo é o investimento inicial: construção de um CT moderno, contratação de staff especializado e manutenção de um robusto sistema de scout. Sem capital e visão de longo prazo, a maioria dos clubes não consegue alcançar a mesma rentabilidade de transferências.
Quando será a final da CONMEBOL Sul‑Americana e quem pode ser o adversário do Independiente?
A final está programada para 7 de dezembro de 2023, em partida única. O provável adversário é o Boca Juniors, que venceu o outro confronto semifinal. Assim, o Independiente, se avançar, enfrentará um dos clubes mais tradicionais da Argentina.
1 Comentários
Marcos Stedile
out 21 2025Olha, esse negócio de base não passa de uma cortina, uma fachada, uma jogada secreta; eles tão usando a transferência de jogadores pra lavar dinheiro, né? Eu vi umas planilhas, rumores, documentos vazados, tudo indica que o Deller tem acordos com agências de inteligência, que lucram mais do que o próprio clube; e ainda tem essa história do Disney+ que é só mais um disfarce pro Big Tech controlar o futebol sul‑americano!!!