Luiz Gustavo é liberado para treinar no São Paulo após embolia pulmonar

Juliana Pires 0

Cinco meses após uma embolia pulmonar que assustou o clube e o torcedor, Luiz Gustavo está de volta. O volante do São Paulo, de 38 anos, foi liberado pelo departamento médico para retomar os treinos sem restrições. O sinal verde saiu na segunda-feira, depois de uma bateria de exames, e a reapresentação em trabalhos completos está marcada para sábado. Para um elenco que busca fôlego na reta final do calendário, é uma notícia grande.

Recuperação passo a passo e o que dizem os exames

O problema surgiu logo após a estreia na Libertadores, em 2 de abril. Em um treino, Luiz sentiu dor no peito e foi internado por três dias no Hospital Albert Einstein. O diagnóstico: embolia pulmonar, um coágulo que bloqueia artérias dos pulmões e exige tratamento imediato. Em casos assim, o protocolo é claro: anticoagulantes, repouso relativo e zero risco de contato enquanto há chance de sangramento.

O plano de reabilitação foi por fases. Em 17 de junho, quando os médicos avaliaram que o risco de sangramento estava controlado, ele recomeçou com atividades físicas leves no CT da Barra Funda, focando condicionamento e mobilidade. Em 25 de julho, avançou para treinos com o grupo, ainda sem choques e sem exercícios de alto impacto. A ideia era recuperar ritmo sem expor o atleta a traumas.

Na metade de setembro veio o ponto de virada. No dia 15, uma angiotomografia de tórax confirmou a resolução do quadro, e o teste cardiopulmonar de esforço mostrou capacidade aeróbica adequada para a prática do futebol de alto rendimento. Com esses dados em mãos, o departamento médico comunicou: apto para todas as atividades. Foi a senha para o retorno completo.

Por que tanto cuidado? A embolia pulmonar é séria e pode ter desfechos graves se não tratada a tempo. O uso de anticoagulantes impede novos coágulos, mas aumenta o risco de sangramentos — por isso o veto a divididas e contatos fortes durante boa parte do tratamento. Só depois de exames de imagem e esforço comprovarem segurança é que o atleta volta à rotina normal.

Impacto esportivo: liderança, equilíbrio e gestão de minutos

Para o São Paulo, a volta de Luiz Gustavo significa mais do que preencher uma lacuna no meio-campo. É recuperar um líder silencioso, com leitura de jogo apurada e noção de posicionamento que organiza a equipe com e sem a bola. Ele pode jogar como primeiro volante, protegendo a zaga, ou ao lado de um parceiro, dando saída qualificada e sustentando a pressão pós-perda.

Na prática, o elenco ganha alternativas para jogos de maior tensão. Em duelos fora de casa ou em cenários de vantagem mínima, o volante oferece controle emocional e senso de risco. Para um grupo que mistura talentos jovens e nomes experientes, a presença de um campeão com rodagem por Bayern de Munique, Wolfsburg, Olympique de Marseille e Fenerbahçe pesa no vestiário. Não é só a experiência de 41 convocações pela Seleção; é a vivência de decisões, viagens longas e contextos hostis.

O retorno, claro, deve vir com gestão de carga. Depois de quase cinco meses sem contato pleno, a tendência é uma reintrodução por minutos controlados, de acordo com respostas físicas nos treinos e exames de rotina. A comissão técnica vai observar explosão, recuperação entre esforços, força de tronco e membros inferiores e como o corpo reage a semanas cheias de trabalho. O objetivo é reduzir riscos de lesões musculares, comuns após longos períodos fora.

O cenário competitivo também conta. Na reta final da temporada, cada ponto pesa e cada decisão tática exige ajustes finos. Com Luiz no elenco, o treinador ganha a possibilidade de alternar estruturas — uma saída de três com o volante afundando entre zagueiros, uma pressão média com linhas compactas, ou até um bloco mais baixo para fechar corredor central quando o adversário empurra o time para trás.

O departamento médico seguirá atento. Mesmo liberado, o volante deve continuar com monitoramentos periódicos, algo padrão após eventos tromboembólicos: acompanhamento de marcadores sanguíneos, controle de carga e atenção a qualquer sintoma atípico. São práticas que, no futebol atual, fazem diferença entre voltar e permanecer em alto nível.

Para o torcedor, fica a imagem de resiliência. Em abril, uma dor no peito virou um susto e um longo caminho de recuperação. Em setembro, com exames na mão e aval médico, Luiz Gustavo retoma a rotina que conhece bem. O São Paulo ganha um reforço e uma referência. E o vestiário, uma voz que ajuda a guiar os mais jovens nas semanas decisivas que vêm por aí.